quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Expectativas e segundas impressões


Expectativas e segundas impressões

O estagio é o momento de exercer e aprimorar todo seu planejamento. Esse ato caracteriza-se por uma mescla de fatores que envolvem múltiplas decisões, desde a organização, a intervenção, a gestão da classe, a rotina e todas as conjunturas que permeiam a sala de aula. A partir desse controle emocional estabelecido e com uma percepção mais sensível em relação à gestão da classe e aos meus alunos, a segunda semana de estágio foi mais tranquila em alguns aspectos, pois a etapa de apreensão e nervosismo em tese havia passado. Contudo, foi bastante cansativo, já que, foram seis longos dias de aula.
Como pesquisadora em formação, ponderei algumas questões relevantes que me fizeram refletir a dimensão de um educador. Coisas que poderiam se resolver de maneira simples, se fosse analisada por uma óptica objetiva, porém, essas circunstâncias eram mais complexas e cruéis que exigiam uma sensibilidade maior por parte de nós, futuros profissionais
. Após essa meditação, comecei a olhar meus alunos com mais receptividade, buscando entender as situações de indisciplina com autoridade, mas também com prudência. Dessa forma, prosseguimos com o planejamento, dando sequência as intervenções da semana.
Nas propostas buscou-se sempre incentivar os alunos, proporcionando atividades que eles se engajassem em realizar, desenvolvendo o senso de responsabilidade, confiança e autonomia para consigo e para com os outros colegas.
Esse segundo período foi de fato o mais marcante, pois em meio a tantas questões emblemáticas que envolvem os seres humanos como um todo, são atitudes ou declarações de algumas crianças que me constitui uma profissional mais dedicada à educação. Pois acredito que essa seja maneira com a qual pudemos enfrentar a discrepância de possibilidades existentes nessa sociedade tão inflexível.




sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Minhas fontes pré profissionais


Lembranças, Histórias e Memórias Escolares

A revivificação das lembranças enquanto criança são relevantes, porque me trazem alento e vitalidade para suportar a rigidez da vida adulta, pois recordar a infância me permite reviver sentimentos antes imersos. Assim, a partir desse singelo memorial, descreverei minha trajetória escolar durante a infância e adolescência.

 Por termos uma memória seletiva, os episódios não serão relatados fidedignamente, porém, os estigmas relevantes serão detalhadamente expostos agora. Minha história escolar começou quando tinha quatro anos na instituição Centros Sociais urbanos (CSU) no município de Jaguaquara- Ba. A escola era pequena e continha apenas algumas salas para promover o ensino e a aprendizagem, o uniforme era uma blusa xadrez nas cores vermelha e branco, e uma bermuda vermelha. A sala era grande, e continha mesas pequenas, e em todas tinham quatros cadeiras, éramos entre dez e quinze crianças.
Nesse primeiro estágio que compõe minha vida escolar, de lance foi mais diversão que obrigação, lógico que tínhamos que executar alguns exercícios, estes eram baseados no método de memorização, através de repetições. As atividades eram fotocopiadas no mimeógrafo, e eram mais direcionadas para produções artísticas que para a proficiência da escrita, logo, a segunda era trabalhada de forma singular.
Ao ingressar na escola Centro Educacional do Trabalhador (CET), onde cursei a primeira série, o ensino era mais árduo e as avaliações eram incessantes. A professora Letícia, utilizava o método silábico, no qual, organiza-se da parte para o todo, com leituras mecânicas e decifração das palavras.  O ensino era centralizado no professor, o qual detinha todo o conhecimento, e com isso, os alunos eram apenas receptores passivos desse modelo tradicional. Essa concepção de aprendizagem opõe-se aos princípios defendidos por Freire (1996) que, acredita que o ato de ensinar vai muito além de transmitir conhecimento; o professor deve apresentar a seus alunos a possibilidade para a construção e a produção de seu próprio saber.
Assim sendo, as histórias que eu trazia da minha casa, dos meus amigos de rua, da comunidade em que eu vivia não eram relevantes para serem discutidas naquele ambiente escolar. As tarefas passadas para serem realizadas em casa não tinham sentido, eram um amontoado de exercícios que precisavam ser decorados, copiados e que não tinham significado algum na minha vida diária. Iniciava-se então um processo de ruptura. O momento de aprender a ler e escrever que até então era mágico e muitíssimo desejado e esperado por mim, tornou-se algo difícil e maçante, não entendia por que estava aprendendo palavras que não faziam sentido no meu cotidiano. Assim começava a minha formação escolar, com pequenas variações, base fragmentada e frágil para sustentar uma identidade proficiente na escrita, na leitura e na interpretação textual.
Quando sucedi à segunda série, fui transferida de escola, pois a anterior, disponibilizava apenas até a primeira seriação. Ao chegar à Escola Menandro Minahim, fiquei atônita tanto pela dimensão estrutural quanto pela ansiedade em está num ambiente ainda inexplorado, porém a curiosidade era maior. A professora era exigente e autoritária, qualquer ruído, a criança era impedida de participar do intervalo e ficava em sala fazendo as atividades elaboradas por ela. A relação para conosco não era muito afetiva, dado que, por ser inflexível, não tínhamos oportunidade de participar das aulas, com sua “pedagogia da transmissão”, não aceitava que fizéssemos indagações ou que a corrigíssemos, com isso, adquirir empecilhos que me prejudicaram bastante durante o percurso educacional, porque quando tinha dúvidas sobre determinado assunto, ficava com receio de ser repreendida e recuava. Convivi com ela até o término da quarta série.
Por conseguinte, ingressei num outro colégio, Colégio Estadual Pio XII, onde cursei da quinta série até o terceiro ano do ensino médio, era mais equipada, com uma boa estrutura e um amplo quadro de professores. Nessa fase, não tive muita afinidade para com os professores, apenas conversava o básico, para esclarecer certas dubiedades. No colégio, havia vários eventos educacionais, como feira de ciências, torneios esportivos e exposições de palestras, aos quais participava com muito entusiasmo, pois por ser bastante curiosa, a vontade de adquirir mais conhecimento sempre me impulsionou. As arduidades foram muitas, mas o desejo de aprender e de auferir saberes sempre foi maior que meu desânimo em fracassar. Assim sendo, concluir o ensino médio, e apesar dos inúmeros percalços, várias incertezas, tudo aquilo que estimei com fervor e júbilo foram concretizados.
Retomando o processo de rememorar, percebo que as disciplinas não tinham como objetivo central trabalhar com produção e interpretação de textos e suas aplicações pedagógicas, não havia nenhuma preocupação em saber ler e escrever para o outro e com o outro de maneira eficiente. Não era prioridade tampouco desenvolver e aprimorar a escrita como um processo de sistematização do saber elaborado. Apesar do muito já conseguido, as deficiências do sistema educacional constituem certamente um entrave para a modernização da sociedade, porém, a crítica implacável que vem sendo feita ao nosso sistema educacional, não nos impedi de reconhecer o muito já feito, e que como conseqüência dessa base o sistema pode e deve ser melhorado. 

Reflexões sobre estágio anos iniciais


Expectativas e primeiras impressões


Ao iniciar minha prática docente no dia 29 de outubro de 2019 na Escola Municipal Dr. Celi de Freitas, na turma do quarto ano E, com alunos entre 9 e 10 anos, me deparei com grandes enigmas, desde a conduta em sala de aula, da necessidade de me envolver com o meio até de como conduzir o ensino às crianças. Foram com essas inquietações e anseios, que iniciei a primeira semana de estágio supervisionado.
Apesar das várias observações e intervenções que permearam/permeiam minha construção como futura docente, nada se equipara ao estágio, é no começo dessa fase marcante que pude refletir através da experiência os encontros e desencontros entre a teoria e a prática, uma vez que, em algumas ocasiões a teoria não condiz com a prática.  
A ansiedade e o nervosismo me consumiam, à medida que os alunos me aferiam, eram curiosos e também desconfiados, foi aos poucos que comecei me aproximar deles, e ao passo que isso proferia, pude percebendo que vão à escolar por vários motivos, contudo, o que mais ficou sinalizado, foram as faltas de perspectivas, de sonhos e de aspirações que eles têm tanto da vida quanto deles próprios, algo que eles poderiam conquistar por intermédio da escola, porém não a veem dessa maneira, apenas como algo chato que não vai fazer muita dessemelhança em suas vidas.  Diante dessas situações, compreendo o ato de educar como algo reflexivo, através do olhar sensível, que excede os muros da escola, pautada na ação-reflexão-ação.
A educação é transformadora e emancipadora, quando a percebemos não  como algo repetitivo e retrógrado, mas como algo que constroi saberes para constituir sujeitos críticos e ativos socialmente.
Dessa forma, mesmo exausta das produções que o estágio nos exige e com os dilemas que toda classe apresenta, não infligiram as experiências vivenciadas nesse período, uma vez que, o estágio me proporcionou novos saberes relacionados à prática e à evolução da minha postura enquanto futura profissional.